...Não Sr. Director, não...
sou interrompida pelo Director.
- Cláudia, deixe-se de formalismos, estamos sentados a tomar um café. Trate-me por Francisco.
Escondi as mãos, suadas, trémulas, debaixo da mesa e em cima das minhas pernas.
- Bom...não Francisco, não sou casada.
- Não me diga que também é divorciada?
- Também não Sr. Dir...melhor, Francisco.
Por favor, falando comigo própria, digam-me quando é que isto acaba. Acho que não vou aguentar com tanta pergunta. Que é que eu faço?
- Bom
Outra vez o Director.
- Vou deixá-los a sós e... Cláudia, trate bem do Thomáz. Olhe que eu quero-o bem preparado para ver se damos uma volta naquele departamento.
- Sim Sr... desculpe, Francisco.
Caíu-me o coração ao pés. Eu não aguentava nem mais um minuto.
- Cláudia, sente-se bem?
pergunta-me o Thomáz.
- Sim Thomáz, estou bem. Acho que o café não me caíu bem, mas passa.
Levanto-me, pego na minha chávena e na do Thomáz mas...imediatamente o Thomáz me pergunta.
- Que está a fazer Cláudia?
- Vou pôr as chávenas no tabuleiro de sujos.
- Que é isso?
Pergunta-me o Thomáz?
- Não é minha criada. Eu levo a minha, não...dê-me também a sua, por favor e diga-me onde devo pôr.
Posto isto e passada esta, dolorosa fase, seguimos então a nossa caminhada pelos departamentos. Esta apresentação tem de acabar, ainda, da parte da manhã. É suposto, depois do almoço, começar a parte prática, mexer nos papéis e a nossa função na empresa, no departamento.
Percorrendo, então, os corredores, eis que à saída do departamento de pessoal, damos de caras, novamente, com o director e, logo de imediato me diz.
- Cláudia, calha bem pois esqueci de lhe dizer. Aí por volta das 18 horas vá ao meu gabinete. Quero falar um pouco consigo. Deixe o Thomáz a tomar conhecimento de alguma papelada e vá ter comigo.
Estou encostada à parede, quase sem respirar. Não há motivo, ele é meu patrão e quer falar de trabalho. Estou a tentar convencer-me disso mas...não consigo. É mais forte, a cabeça não consegue parar de imaginar o que ainda não aconteceu. Porquê, porquê este meu estado, porque reajo assim, viver imaginando?
De repente, penso que tenho junto a mim o Thomáz e não posso demonstrar esta minha aflição, esta minha insegurança. Tenho de esconder esta cara, concerteza bem vermelha, porque quente...está, mostrando a Cláudia segura e zelosa do seu trabalho.
- O director não esconde o quanto precisa e confia na Cláudia.
Palavras do Thomáz.
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