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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

sem título (3)

Embora não se possa dizer que os dias sejam iguais, não deixei de sair de casa para me dedicar a mais um dia rotineiro. Bem agasalhada porque o tempo não está de grandes calores, entrei numa pastelaria, a do costume e onde o Sr. João me disse:
- Então menina, Bom Dia, vamos querer o habitual?
- Sim, para não variar. Obrigado.
Trata-se de um copo de leite bem quente e um pãozinho de Deus com um pouco de manteiga. Sentei-me, até porque ainda faltava uma meia hora para entrar no escritório e comecei a saborear o meu pequeno almoço e a observar o entra e sai de um mundo de gente. Uns mais apressados que outros, por sua vez, outros conversando num timbre de voz que quase causa arrepios, conversas de futebol, de mulheres e homens, do dizer mal deste e daquela, enfim, um mar de vida.
Dou de caras com um colega e levantando a minha mão, faço-lhe sinal para que se venha sentar e assim foi. Acompanhado da sua bica, demos dois dedos de conversa, o suficiente para o tempo passar a correr. Saímos e dirigimo-nos ao escritório para começar mais um dia de trabalho.
Uma surpresa logo de manhã e para mim.
Quase mal me tinha sentado na cadeira e sou abordada pelo meu Director, na companhia de um outro senhor.
Diz-me o Director:
- Bom Dia Cláudia, este é o Sr. Thomáz que entra hoje para a empresa e vem ocupar o lugar vago junto de ti.
Delicadamente levanto-me e cumprimento o Sr. e depois o meu Director.
Avançando com a situação, o meu Director diz-me:
- Cláudia, quero pedir-te que ajudes este nosso novo colaborador, o identifiques do que se pretende e lhe dês uma apresentação, o mais apurada possível, sobre a empresa. Gasta o tempo que achares para que nada possa escapar. Quero o Thomáz bem conhecedor de quem somos.
Assumi a função mas... não sem antes reparar o quanto o meu Director me observava. O seu olhar fora do habitual, os seus olhos, a fixação em mim, por vezes o parecer-me interromper a sua conversa e naquele vazio o seu olhar, como se fosse a primeira vez que me via.
Não posso dizer que tenha ficado incomodada, mas... algo de diferente notei e em mim penetrou... e ficou.
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domingo, 16 de novembro de 2008

sem título (2)

Não obstante o prazer de caminhar naquela praia, surge como que uma obrigação, voltar para trás e começar a fazer o caminho de regresso.
Mas... para sua satisfação, outras belezas se lhe proporcionam. O dia já vai longo e o Sol se vai escondendo. O mar, esse, não se esconde mas, se apresenta leve, calmo, sereno e mantém o perfume a maresía. Esta calma deixa transparecer um agradável reflexo que, quase lhe toca e a envolve com sua côr abrilhantada. É o Sol, aquele que se esconde mas que ainda lhe oferece luz e desenha seu corpo na areia.
Os pensamentos, mais ricos, fazem com que as suas passadas se tornem mais apressadas. Afinal, ela volta para sua casa com justificada razão para tanta alegria. Tudo o que de bom seu corpo absorveu e a pedra, agora bem quente, no calor da sua mão e pronta a ser colocada debaixo da almofada da sua cama, dão-lhe o ânimo de enfrentar o peso de mais uma meia dúzia de dias que tem pela frente. Como serão? Ela não pode saber. Ela não quer saber. Ela apenas sabe o quanto ganhou com o dia de hoje.

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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

sem título (I)











Descalça, calças arregaçadas, enxarpe tapando sua camisa branca mas protegendo seu corpo de uma aragem pura e fria, ela caminha pela areia da praia vazia, onde se pode sentir um maravilhoso salpicar tocando em sua cara e dando o sabor de um mar bravio e salgado. Um cheiro de encanto perfume maresía e ondas de uma espuma que mais parece neve em derrocada, contrastando com o som de uma melodia conjunta de água e gaivota de asas bem abertas, voando, planando, contra o soprar de um vento forte que não impede sua mestria e atenção na procura do alimento que o mar azul e quase transparente lhe ofereçe.
É um caminhar de pensamentos onde a beleza infinita lhe dá a tranquilidade de, por cada passada, desenhar na areia seus delicados pés que resumem um presente e um passado que depressa se vai apagando engolidos pelo mar, resultado de ondas também elas desfeitas.
Abraçada ao seu próprio corpo, apertando e aliviando a força, consoante sua vontade, deixando seus cabelos esvoaçarem e seus olhos lacrimejarem, nada consegue sobrepor-se a este paraíso vazio mas tão cheio, onde apenas uma pedra, branca, lisa, quase aveludada, a faz movimentar o braço direito e, baixando-se, apanha-a, sente o seu aroma, sua frescura e o seu silencio. Olha-a fixamente, fecha-a na sua mão e, respirando bem fundo, aconchega-a ao seu peito.
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(fotos gentilmente cedidas por uma amiga)